Para fazer um soneto


Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
E espere um instante ocasional
Neste curto intervalo Deus prepara
E lhe oferta a palavra inicial

Ai, adote uma atitude avara
Se você preferir a cor local
Não use mais que o sol da sua cara
E um pedaço de fundo de quintal
Se não procure o cinza e esta vagueza
Das lembranças da infí¢ncia, e não se apresse
Antes, deixe levá-lo a correnteza
Mas ao chegar ao ponto em que se tece
Dentro da escuridão a vã certeza
Ponha tudo de lado e então comece.

Carlos Pena Filho

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